Um simples pedaço de tecido pode fazer toda a diferença na hora do parto. O chamado rebozo começou a ser usado em gestantes no México com as parteiras tradicionais de lá e, com o passar dos anos, tem ganhado o mundo por conta dos benefícios que oferece.
A parteira mexicana Naoli Vinaver, que difundiu o uso do rebozo no Brasil e em outros países, explica que o tecido é uma peça de roupa mexicana usada por mulheres e, além de peça do vestuário, é usado há séculos para ajudar as mulheres a relaxar durante a gravidez, no trabalho de parto e até no pós-parto.
Durante a gestação, explica a parteira, o rebozo pode ser usado para fazer massagem na gestante e aliviar, por exemplo, as dores na região lombar. O xale também é um grande aliado durante o trabalho de parto pois permite aliviar as dores da contração e também serve como um relaxamento para a parturiente. “A doula usa o rebozo para acalentar a mulher fazendo massagem durante a gestação e para as parteiras posicionarem o bebê dentro do útero se ele estiver mal posicionado”, explica a parteira. Para isso, no entanto, é preciso saber avaliar cada caso e ter prática e conhecimentos suficientes.
O rebozo também serve para cobrir a gestante se ela ficar com frio – algo muito normal durante o trabalho de parto – e até servir de apoio para a mulher se apoiar durante as contrações ou para dar sustentação quando ficar de cócoras, por exemplo.
“O rebozo também é um grande aliado da parteira para estimular o trabalho de parto, ajudar a encaixar o bebê na pelve da mãe e até para soltar tensões e bloqueios que podem ser por uma simples rigidez corporal ou até por algum tipo de trauma sexual que a mulher tenha sofrido”, comenta. A parteira explica que é simples usar o acessório, no entanto, é preciso entender o básico de anamotomia e fisiologia.
Naoli explica que não há contraindicação para o uso do rebozo, que é um xale de algodão feito em tear manual e tem o tamanho suficiente para cobrir todo o corpo da mulher – normalmente o tamanho do tecido é de 1×60 por 1,90. No entanto, ela ressalta que se a gravidez for de risco ou a bolsa tiver rompido e o bebê estiver alto não é interessante usá-lo pelo risco de prolapso de cordão (quando o cordão precede a criança na passagem pelo canal de parto).
Além de dar cursos para parteiras e doulas aprenderem a usar o rebozo, Naoli escreveu o livro “A Técnica do Rebozo Revelada” justamente para auxiliar os profissionais do parto que não tem acesso aos seus cursos. “A gestação e o parto são áreas da vida e do conhecimento que deveriam pertencer a todos. Engravidar e parir são atos fisiológicos naturais que precisam voltar à sua naturalidade original dentro do núcleo social e familiar”, diz.