Mãe consegue parto natural, na água, após quatro cesáreas

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Patrícia com a filha nos braços em parto humanizado (Foto: Francine Pires) Fotografia

Patrícia com a filha nos braços em parto humanizado (Foto: Francine Pires Fotografia)

A primeira cesárea foi indicada por falta de dilatação. A segunda e a terceira o mesmo médico optou pela cirurgia, apesar da mãe sonhar desde o primeiro positivo em parir, pois para ele era “uma vez cesárea, sempre cesárea”. Ao engravidar novamente, ela decidiu que sua história seria diferente.

Após ver uma amiga parir em casa, Patrícia Almeida Marietti, 30 anos, recebeu informações e foi em busca de uma equipe humanizada. Chegou a ter dilatação total, mas acabou em outra cesárea por conta de uma suspeita de ruptura uterina e pelo bebê apresentar desproporção céfalo-pélvica após 20 horas de trabalho de parto. Depois do nascimento de Lucas, o médico, Braulio Zorzella, disse que o próximo bebê nasceria naturalmente. E foi assim. Dois anos após a última cirurgia, Patrícia conseguiu seu VBA4C (sigla em inglês que significa parto vaginal após quatro cesáreas) no último dia 8 de setembro.

A mãe pariu na água, sem nenhum tipo de intervenção. “O chorinho…o calorzinho… Aquele olhar…aquele olhar encantador e profundo olhando para mim”, descreve a mãe. Ao ser questionada da diferença dos outros nascimentos dos filhos, ela define seu parto natural como “transformador”. O obstetra de Patrícia diz que para toda equipe foi marcante ver a realização da paciente ao ter parido. “Parecia que ela tinha parido os cinco filhos de uma só vez por ter conseguido enfim parir”, comenta.

Patrícia, que mora em Jundiaí (interior de SP), conta que o trabalho de parto evoluiu muito rápido e que foi preciso ir logo para Sorocaba, onde o bebê nasceria em uma maternidade particular. Ela conta que a equipe contratada por ela atende somente nesta cidade.

Assim que começou a sentir as primeiras contrações, ela conta que acionou a equipe – médico, doula, enfermeira obstetra e pediatra – que estava toda em São Paulo participando do Siaparto (Simpósio Internacional de Assistência ao Parto). Ela e a equipe chegaram à maternidade por volta da 1h da madrugada. “Já estava com 9 centímetros de dilatação e a Laís nasceu às 3h07 na água, como queríamos. O parto foi maravilhoso e meu marido que a acolheu primeiro e me deu em seguida. Me senti completa. Senti tudo aquilo que desejei tanto”, relata, emocionada, a mãe de Débora, 8, Davi, 6, Julia, 4, e Lucas, 2. .

Bebê olha para a mãe logo após o nascimento na água (Foto: Francine Pires Fotografia)

OUTROS NASCIMENTOS

Patrícia conta que na gestação da primeira filha, sempre disse para o médico que acompanhava o seu pré-natal que queria um parto normal. O casal, que é católico, sempre quis ter quantos filhos Deus quisesse dar e, por isso, preferia o parto normal. “Tive pródromos e achei que já era trabalho de parto. Fui para o hospital com 1,5 centímetro de dilatação. O médico chegou quatro horas depois, fez o toque e disse que iríamos para a cesárea por falta de dilatação”, conta sobre o nascimento de Débora, em 2009.

Em 2011, a cesárea do filho Davi foi agendada pelo mesmo médico que disse que ela não poderia entrar em trabalho de parto pois havia risco de ruptura uterina. “Em 2013, a Júlia também nasceu em uma cesárea agendada pelo mesmo motivo do Davi, pelo mesmo médico. Após uma amiga parir em casa com uma obstetriz, comecei a conhecer e descobrir o parto humanizado. Li muito e vi uma reportagem sobre o mito da falta de dilatação”.

A mesma amiga, conta Patrícia, emprestou o DVD do Renascimento do Parto quando ela já estava grávida de Lucas. “Procuramos pelo doutor Jorge Kuhn, que nos acolheu com muito carinho e nos deu uma aula sobre parto! E nos deu uma esperança imensa de ter um parto normal. Assisti uma entrevista do Braulio na TV e marquei uma consulta com ele. Foi muito acolhedor, esclarecedor. Ficamos três horas no consultório dele sendo preenchidos de informação. Saímos de lá com uma certeza: encontramos o médico certo!!!”

Braulio explica que ela teve um sangramento excessivo após seis horas de expulsivo e, por suspeitar de ruptura uterina, optou pela cesárea de emergência já com a paciente em dilatação total. “A ruptura não se confirmou e pude avaliar que o útero dela era forte, grosso e que não seria iminente de uma nova ruptura em outra gestação”, diz o obstetra, que explica que os riscos de ruptura uterina são muito baixos – entre de 0,1 a 0,6%. “Com mais cesáreas, como a Patrícia, esse risco de ruptura aumenta, mas ainda assim vale tentar o parto normal se for o desejo da mãe”.

Apesar de não ter conseguido parir na terceira gestação, a experiência foi outra. “Essa última cesárea foi uma experiência rica totalmente diferente das outras. Tive silêncio no centro cirúrgico, meia luz para o Lucas nascer. Respeito, amor e total dedicação de todos!”, relata Patrícia.

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12 Comentários

  1. Que história!!!! Parabéns a todos os envolvidos!!! É muito triste que o sistema obstétrico no Brasil obrigue a família a precisar passar por tantos obstáculos para que este evento familiar enfim se concretize da forma que deveria ser. Saúde e paz para todos!

  2. Tenho 3 cesárea, por recomendação médica desde a primeira, que após estar com 9 dedos de dilatação o médico optou por cesárea por estar a mais de 8 horas com a bolsa rompida. Meu segundo filho nasceu de 42 semanas e 1 dia, cesárea por ter feito coco na barriga, quando engravidei pela 3 vez, o médico não me deu opção Cesárea agendada. Agora estou grávida novamente, e desejo muito ter um parto normal, na banheira. Que Deus me ajude.

  3. Meu primeiro parto foi cesaria aos 17 anos apos um trabalho de parto de 12 hrs muito sofrido
    O segundo foi Cesária por que entrei em trabalho de parto quando estava com sete meses de gestação.Ai tiraram ele pois estava fraquinho.E de fato nasceu quase sem vida
    E na terceira gestação nao tive escolha e novamente foi Cesária.
    Mas meu sonho sempre foi ter parto normal
    Mas confesso q sou muito fraca pra dor e me culpo muito por isso
    E na minha última gravidez o médico foi bm claro.Q nao é para mim engravidar novamente
    Pois uma 4 Cesária é muito perigoso
    Mas eu acredito q Deus nos capacita e se um dia eu engravidar de volta ele me capacitará pois será a vontade dele.

    Hj meu primeiro filho tem 11 anos
    Adrian kaua
    E o outro 8 anos
    José Gabriel
    E a mais novinha tem 1 ano
    Maria EDUARDA

    E eu estou com 29 anos e não sei como vai estar minha vida daq mais uns anos e por isso não posso dizer q nunca mais vou ter filho
    Hoje estou usando dil e me cuido tanbm m
    Mas nosso destino só Deus sabe.
    Um bjo a todas.

  4. Nossa, fiquei emocionada! Tenho 2 filhos de parto cesárea e já fiz uma cirurgia trabalhosa p retirada de nódulos de endometriomas da parede abdominal, ou seja, abdomen aberto três vezes… meu obstetra já disse que não faz o parto na minha cidade, que tenho que ir pra um local que tenha mais estrutura e anestesista de plantão… minha vontade desde o primeiro foi o parto normal, mas por ser uma criança com alterações genéticas isso pode ter refletido no sinais para o trabalho de parto que não ocorreu, a cesárea foi marcada p 40 semanas e assim foi feita. Na segunda gestação tentei por tudo um parto natural, mas passei 3 dias sentindo contrações irregulares que chegaram a 2 – 3 min de intervalo e duração curta… os dois médicos que me atenderam disseram que eu não tinha dilatação suficiente (1,5cm durante toda a madrugada sem evoluir e eu já estava no terceiro dia com as tais contrações irregulares, sendo que nesse dia foi mais intenso). A cesárea foi então marcada para as 9hs da manhã e pronto, mais uma criança e mais um corte. Agora já fazem três anos da última cesárea… estou com dois meses de gestação… já estava achando que ia morrer no parto rsrsrs, depois de ler esse relato tenho esperança até de apelar pra minha vontade de sempre: parto natural. Obg por essa história linda!

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