A Prefeitura de São Paulo confirmou que fará um convênio para que a casa de parto Casa Angela, na zona sul de SP, passe a receber repasses do SUS (Sistema Único de Saúde). No Facebook, o secretário municipal de Saúde, Alexandre Padilha, diz que o compromisso será firmado a partir deste mês.
Procurada, a assessoria de imprensa da Saúde informou que ainda não há uma data específica, mas que será em breve pois estão sendo acertados os últimos detalhes. A Casa Angela hoje em dia atende gratuitamente as moradoras da região e de forma particular quem é de fora do bairro. A ideia agora é passar a atender todas pelo SUS. A capital já conta com uma casa de parto em Sapopemba, na zona leste de SP, que é municipal. A intenção da prefeitura é ter mais um espaço para oferecer para as gestantes que buscam um parto normal fora do ambiente hospitalar.
Atualmente a casa de parto não recebe nada pelos partos que faz gratuitamente, ou seja, consegue se manter com os partos particulares, bazares e doações. Entre as pacientes, estão várias mulheres que têm planos de saúde que cobrem maternidades de referência, mas que buscam um ambiente mais confortável para parir.
As casas de parto são uma opção para quem não quer ter um parto domiciliar, mas também não está confortável em ter em um hospital, com todas as suas intervenções e protocolos rotineiros.
BENEFÍCIOS PARA MÃE E BEBÊ
Com partos sendo realizados desde 2012, a Casa Angela, fez um levantamento onde mostra que em 545 partos realizados até agora, a mortalidade materna e neonatal foram zero. Os dados mostram também que não houve infecções de mães e bebês.
A enfermeira obstetra da Casa Angela, Franciely Schermak, explicou que o levantamento aponta que apenas 1,2% das crianças nasceram com baixo peso quando a média para a cidade de São Paulo é de 9,6%. “A taxa de prematuridade nossa também é baixa [1,5% enquanto no restante da cidade é de 11,3%]”, comenta. A maioria das parturientes da casa (85%) amamentam pelo menos até o bebê completar um ano enquanto no restante da cidade esse índice é de apenas 35,3%.
Franciely diz que o resultado positivo é por conta do atendimento diferenciado oferecido no local no pré-natal, parto e no pós-parto. Além de cursos e consultas que são oferecidos, as gestantes são assistidas por enfermeiras obstetras e obstetrizes (parteiras). Ela conta que por mês são realizadas, em média, 2.300 consultas de pré-natal e apenas 20 partos mensais.
Questionada sobre o baixo número de partos, ela explica que poucas mulheres podem ter seus bebês na casa de parto já que excluem mulheres que tiveram cesárea anterior, por exemplo, e também as que tem diabetes, pressão alta e gravidez gemelar.
Na casa de parto existe ambulâncias na porta 24 horas que são acionadas no caso da necessidade de uma remoção para um hospital. Na Casa Angela, a taxa de remoção é, em média, de 13%. A remoção ocorre quando o trabalho de parto não evolui bem, quando a mãe quer anestesia ou se há rompimento da bolsa sem a mãe entrar em trabalho de parto. “Ainda quando ocorre a remoção, muitas têm seus bebês de parto normal. Apenas 8% acabam indo para a cesárea”, explica Franciely. A pesquisa mostrou ainda que em 0,18% dos partos ocorreram episiotomias (corte feito entre a vagina e o ânus) e a ocitocina sintética (medicamento aplicado para acelerar as contrações) foi usada em 3,5% das pacientes.
Um dos diferenciais da Casa Angela é que ela permite a gestante ter até dois acompanhantes da sua escolha na hora do parto, além de poder usar o chuveiro, banheira e outros métodos não farmacológicos de alívio a dor.
Durante o trabalho de parto, é a mulher que escolhe a posição que sente mais confortável ficar, ou seja, ela pode se movimentar, sentar na banqueta de parto, na bola. A parturiente também pode se alimentar durante o trabalho de parto.
Assim que nasce, o bebê vai direto para o colo da mãe e não precisa passar pelos procedimentos que são rotineiros nas maternidades. Além de mamar na primeira hora de vida, mãe e bebê recebem alta no dia seguinte do nascimento.