
Algumas gestantes vão precisar de indução para entrar em trabalho de parto ou por estarem com alguma necessidade por conta de diabetes gestacional ou hipertensão, ou simplesmente por estar chegando próximo das 42 semanas, por exemplo, e não entra em trabalho de parto naturalmente.
A enfermeira obstetra Maíra Libertad explica quais são os métodos de indução, os riscos e benefícios de cada um deles. Durante o Siaparto (Simpósio Internacional de Assistência ao Parto), realizado em São Paulo, ela destacou que todos os procedimentos devem ser sempre discutidos entre a equipe, a gestante e seu acompanhante. É muito importante ressaltar que a equipe deve ter sempre em mente os benefícios e riscos de cada um dos procedimentos antes de utilizá-los. “Quando bem indicada e realizada, a indução pode ajudar a mulher a parir seu bebê e não precisar de uma cesárea”, ressalta.
Maíra, que trabalha no Coletivo de Parteiras no Rio, diz que antes de escolher qual método da indução a equipe vai analisar todo o histórico da paciente e as condições do colo uterino. A equipe analisa as características usando o índice de Bishop, que avalia a consistência, a dilatação e o posicionamento do colo. Dependendo da avaliação, pode ser optada a maturação cervical do colo do útero antes de ser iniciada a indução.
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DESCOLAMENTO DE MEMBRANAS
O médico fará o descolamento das membranas, que ficam atrás do colo do útero, durante o exame de toque. A ideia é liberar a prostraglandina (hormônio que favorece o preparo e a dilatação do colo uterino). O exame não tem riscos associados e pode levar até dois dias para fazer efeito. Vale ressaltar que este exame só pode ser realizado se a mulher tiver, pelo menos, 1 centímetro de dilatação. O descolamento de membranas pode ser feito, inclusive, para mulheres com cesárea anterior. “Com o descolamento de membrana, a mulher já chega com o colo mais favorável, por exemplo, para uma indução. Ele pode ser um pouco incômodo, dolorido, mas é uma boa opção para quem precisa induzir o parto”, relata a enfermeira obstetra.
BALÃO OU SONDA
O balão é colocado por meio de uma sonda atrás do colo do útero justamente para liberar a prostraglandina. A gestante usa o balão até ele cair, o que demora cerca de 12h para acontecer. Esse procedimento também pode ser feito em mulher com cesárea prévia, mas é mais agressivo que o descolamento de membrana. Maíra explica que o balão ainda é pouco usado na assistência ao parto no Brasil, apesar de apresentar bons resultados. O balão pode ser colocado no próprio consultório médico e depois a mulher vai para casa esperar o trabalho de parto.
OCITOCINA
A ocitocina é aplicada como um soro na veia da gestante para produzir contrações. Os riscos são contração excessiva, sofrimento fetal e o bebê nascer com Apgar baixo. “Essa indução só funciona se o colo estiver favorável. Com cuidado, a ocitocina pode ser usada em gestante com cesárea prévia”, diz Maíra, que ressalta que a ocitocina só pode ser usada em ambiente hospitalar, ou seja, não pode ser dada nem em parto domiciliar e tampouco em casas de parto.
ROMPIMENTO DA BOLSA
A enfermeira obstetra explica que esse é um recurso que só pode ser adotado se a mulher já estiver em trabalho de parto e que pode ser efeito em conjunto com o uso da ocitocina. “No entanto, é importante ressaltar que há risco de prolapso de cordão”.
MISOPROSTROL
O medicamento é efetivo para preparar o colo do útero. Pode levar de dois a três dias para fazer efeito. Os riscos são contração excessiva que pode levar ao sofrimento fetal e a mulher acabar em uma cesárea. Não pode ser usado em mulheres com cesárea prévia pois aumenta em quatro vezes o risco de ruptura uterina. “Enquanto o misoprostrol está fazendo efeito, naõ pode entrar com ocitocina. O efeito dele dura seis horas. Também é importante destacar que há casos de ruptura uterina em mulheres sem cesárea por altas doses de misoprostrol”, relata.