
O movimento do parto humanizado conseguiu uma grande vitória quando o hospital Albert Einstein, na zona sul de SP, liberou as gestantes para ter seus bebês na água. O primeiro parto na água aconteceu no início desta semana. Antes, a parturiente quando chegava na fase do expulsivo tinha que sair da banheira para ter o seu bebê.
A partir de agora, quem quiser ter seu bebê na água precisa apenas assinar um termo de consentimento. No documento, que a reportagem teve acesso, fala sobre os benefícios do parto na água, entre eles, a parturiente tem menos dor, menos lacerações e sai mais realizada do parto.
A diretora financeira Daniela Ávila Akamine, 36, foi a primeira a parir no Einstein na água na última segunda-feira (27). “Foi maravilhoso. Antes de entrar na água, usei a bola de pilates, caminhei, o chuveiro. A banheira fez eu relaxar mais e o meu bebê nascer tranquilo”, comenta a nova mãe, que ficou 16 horas em trabalho de parto.
Grávida de 40 semanas, a nutricionista Vivian Casalenovo, 33, também pretende parir na água nos próximos dias. “Quando soube que não poderia no Einstein, cheguei a cogitar trocar de hospital, mas resolvi conversar com eles e foram muito abertos em relação a isso”, diz a parturiente que contratou uma equipe humanizada para acompanhar seu parto.

A médica Andréa Campos, que acompanhou o primeiro parto na água do Einstein, diz que o parto na banheira deixa a mulher mais relaxada. “Isso faz com que diminua a chance de laceração perineal, e a satisfação da mulher é maior. Nem toda mulher se sente confortável em ter o expulsivo na água, mas é importante ter a liberdade de decidir onde se sente melhor e mais confortável nesse momento”, comenta a médica.
A coordenadora médica do Einstein, Rita Sanchez, disse que após reunião da equipe do programa Parto Adequado foi decidido que seria permitido o parto na água mediante a assinatura do termo de consentimento que explica sobre os riscos e benefícios do bebê nascer na água. “Há artigos relatando os benefícios, como o relaxamento da mãe até o final do parto, menor taxa de episiotomias, e há riscos, por exemplo, o risco de contaminação com bactérias originárias do intestino e fezes, levando a meningite do recém-nascido”, diz a coordenadora.
Segundo o hospital, o monitoramento durante o trabalho de parto deve continuar mesmo com a mãe na banheira. Ela ressalta ainda que o parto na água não é indicado quando já existe o diagnóstico ou o alto risco de sofrimento fetal. “Podemos flexibilizar os processos para que a mãe possa desfrutar de seus desejos na hora do parto, porém, sem descuidarmos da segurança e qualidade da assistência à mãe e recém-nascidos”, diz a coordenadora.
OUTROS HOSPITAIS
Os hospitais Santa Joana e Pró-Matre, por exemplo, não permitem que a mulher tenha seu parto na água. Já no São Luiz o parto acontece na água somente se a gestante estiver com seu médico particular e se ele concordar com esse tipo de parto. Se o bebê tiver que nascer com o plantonista, por exemplo, a gestante não pode entrar na água.
No Brasil os nascimentos na água são mais comuns em partos domiciliares ou em casas de parto. Em São Paulo, existe a opção de atendimento na Casa Angela, no Jardim Mirante (zona sul de SP), e na casa de parto de Sapopemba (zona leste). Ambas atendem pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
O fato é que estudos mostram, um deles inclusive está disponível na Biblioteca Cochrane, que esse tipo de parto não traz qualquer prejuízo para a mãe e tampouco para o bebê. Pelo contrário, só oferece benefícios desde que a mãe tenha uma gestação de baixo risco e se ela e o bebê apresentam boas condições de saúde na hora do parto.
2 Comentários
Pingback: Cronologia da Controvérsia – Controvérsias sobre os diferentes tipos de parto
Fui visitar a maternidade Einstein esse dias, e nao fazem mais parto na água, ainda perguntei, “Nossa mas mesmo se a mae assinar aquele termo que se responsabiliza?” E eles falaram que mesmo assim nao fazem.
Talvez tenha mudado o protocolo.