Um mês após decidir mudar o rumo profissional para ficar mais com os filhos, o administrador Rodolfo Henrique Fischer, 50, foi surpreendido pela perda repentina da filha Anna Laura, que morreu em um acidente em maio de 2012, 13 dias antes de completar quatro anos de idade.
Ele e a mulher, a psicóloga Claudia Petlik Fischer, 36, não gostam de falar sobre como perderam sua filha, mas de como decidiram fazer coisas em seu nome até como uma forma de sobreviver. O casal conta que teve a ideia de criar parques com brinquedos acessíveis para crianças deficientes. “A ideia surgiu em uma viagem que fizemos a Israel para o casamento de um parente. Foi logo após a morte da Anna e decidimos ir por conta do lugar ser mais espiritual”, conta Fischer, que prefere ser chamado de Rudi.
Durante a viagem o casal visitou uma associação que busca a convivência entre as diversas religiões. “A Claudia viu o brinquedo acessível lá e me questionou se existia isso no Brasil. Quando voltamos, procurei a AACD [Associação de Assistência à Criança Deficiente] e a prefeitura e o projeto começou”, comenta Rudi. Ele conta que nesta associação em Israel construíram uma biblioteca que será inaugurada em outubro e, assim como os parques, levará o nome de Anna.
Até agora, o projeto Anna Laura Parque para Todos já entregou três parquinhos sendo que o primeiro foi inaugurado em janeiro de 2014, onde fica na AACD do Parque da Mooca, na zona leste de SP. Em seguida vieram um parque da APAE em Araraquara, no interior de SP, e no Parque do Cordeiro, na zona sul de SP. Esse, explica Rudi, foi o primeiro parquinho montado em um local aberto.
Para Claudia, a ideia do parque foi a forma de manter viva a memória da filha. “Existem várias formas de vivenciar o luto e dar um novo significado ao vínculo com a pessoa que perdemos. O projeto dos parques foi uma das formas que encontramos”, diz a mãe de Anna Laura.
Rudi conta que Anna era linda, inteligente e brincalhona. “Ela não tinha deficiências e adorava brincar como toda criança. Foi essa mais uma razão para doarmos diversão as crianças que têm menos acesso”, comenta Rudi, que também é pai de Arthur,5, e Felipe, 1.
O administrador conta que sua meta é criar e doar quatro parques por ano e que os locais são escolhidos levando em conta vários critérios como, por exemplo, o número de crianças com deficiência que serão beneficiadas, a área disponível para o parque, se o espaço é plano, cercado, arborizado, se há transporte público próximo e se é acessível a cadeirantes. Também é procurada uma associação ou alguém disposto a cuidar da manutenção do parque após a doação. “Já decidimos criar parques em Natal, Recife e no Rio de Janeiro”, comenta.
As despesas para a construção e equipamentos dos espaços são feitos com recurso do casal que conta com colaboradores, como arquiteta, engenheiro, terapeutas, fabricantes de brinquedos, advogados, construtor. “Todos doam seu tempo e seu trabalho sem cobrar nada além dos custos. Isso quando cobram os custos. Ou seja, eles também arcam com o projeto”, diz.