
Quando a gestante descobre que está grávida de gêmeos há várias informações que ela precisa buscar, entre elas, quais são os tipos de gestação gemelar e, é claro, sobre parto e como amamentar dois bebês.
A obstetriz Priscila Raspantini, da Casa Moara, explica que as gestações de gêmeos são classificadas pela quantidade de placentas e de bolsas (veja mais no fim do texto). “Uma gestação gemelar pode ter duas placentas e duas bolsas ou uma placenta e duas bolsas ou ainda uma placenta e uma bolsa”, explica.
Quando os gêmeos não são idênticos, a mãe tem duas placentas. “A maioria dos gêmeos idênticos – cerca de 90% – tem uma placenta única. A gestação que requer mais cuidados é quando é uma bolsa e uma placenta só, que chamamos de mono-mono.”
O parto normal gemelar é sim possível, mas é preciso avaliar vários itens, entre eles, o posicionamento dos bebês no final da gestação e também sobre a prematuridade. Infelizmente, no Brasil, são poucos os profissionais aptos a atender esse tipo de gestação e normalmente as mulheres acabam em cesáreas antes mesmo de entrar em trabalho de parto.
No entanto, há casos que o parto normal gemelar, não é indicado. “Bebês prematuros de parto pélvico, por exemplo, o parto normal não é indicado. Quando o primeiro bebê está cefálico é que vai determinar se o parto pode ser normal. O segundo, depois que nasce o primeiro, pode virar e também pode ficar cefálico ou pode nascer pélvico de parto normal”, relata.
A gestante que tem o parto induzido ou entra em trabalho de parto naturalmente é monitorada mais vezes com o cardiotoco, no entanto, a paciente pode durante o trabalho entrar no chuveiro e se movimentar. “Quando é uma placenta única, é preciso ficar ainda mais atento e monitorar mais vezes”.
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PARTO DOMICILIAR
É importante ressaltar que a gestação gemelar não é de risco habitual e, por isso, o parto domiciliar não é recomendado, ou seja, gêmeos devem nascer sempre no ambiente hospitalar, principalmente, pelo risco da prematuridade e também porque é necessário monitoramento constante dos bebês durante o trabalho de parto. “Mesmo quando a gestação gemelar é menos complicada, que é quando há duas placentas e duas bolsas, o parto deve acontecer no hospital”, explica.
A taxa de cesáreas em parto gemelar é sempre maior do que no caso de gestação com feto único, mesmo com os profissionais que atendem o parto humanizado. “A gestação gemelar é de alto risco pois tem risco de várias complicações na gestação como hipertensão, diabetes, prematuridade e também riscos no parto e, por isso, tem que ser no hospital e com equipe preparada para acompanhar parto gemelar”, relata.
A obstetriz explica que o risco é maior porque o útero fica bastante distendido e nem sempre consegue contrair, ou seja, pode acontecer uma hemorragia e também há o risco dos bebês não nascerem bem, principalmente, no caso de placenta única. “Também pode acontecer do primeiro nascer de parto normal, mas por prolapso de cordão (quando o cordão sai antes que o bebê), é preciso fazer uma cesárea de emergência”.
ATÉ QUANDO ESPERAR?
A obstetriz explica que é muito importante que a gestante seja acompanhada por uma equipe experiente que vai avaliar uma série de fatores para decidir até quando a gravidez pode continuar. “O tamanho de um bebê em relação ao outro é analisada assim como a quantidade de placentas, se a mãe tem hipertensão, por exemplo, pode precisar de indução. Enfim, não dá para determinar uma idade gestacional pois varia de caso para casa”, afirma.
As gestações com placenta e bolsa únicas geralmente são as que são interrompidas antes – por volta da 34ª semana. “Já quando há duas bolsas e duas placentas tendem a ser gestações mais longas pois permitem que os bebês cresçam mais”, diz. Priscila explica que quando há uma placenta a circulação de um passa para o do outro e isso pode comprometer o crescimento de um deles.
QUAIS OS TIPOS DE GESTAÇÃO GEMELAR
Mono-Di
Uma placenta e duas bolsas
Mono-mono
Uma placenta e uma bolsa
Di-Di
Duas placentas e duas bolsas