Muitas vezes a gestante planejava ter um parto normal, contratou equipe humanizada, doula, mas por alguma intercorrência precisou ir para uma cesárea intraparto. Normalmente a equipe completa que acompanhava a parturiente nas salas de pré-parto entra no centro cirúrgico e fica com ela até o nascimento do bebê. Todos menos a doula. No Hospital São Luiz do Itaim Bibi, se um parto evolui para uma cesárea, as doulas são barradas. O hospital admite a restrição do acesso da doula (leia mais abaixo).
Doulas que pedem para não ser identificadas pois temem perder o cadastro na unidade de saúde relatam que a doula não pode entrar no centro cirúrgico. As doulas relatam que antes permitiam aguardar do lado de fora e, após o nascimento do bebê, podiam entrar para auxiliar a mãe com a primeira mamada. “Agora além de não poder ficar no centro cirúrgico, não pode pode ficar esperando nem voltar após a cirurgia para ver a mãe e conhecer o bebê”. A doula, que atende desde 2014 diz que sempre pode retornar, mas que nunca foi permitido acompanhar a cesárea na unidade. Em hospitais como Albert Einstein, Sepaco, Santa Joana e Pró-Matre, por exemplo, a doula consegue acessar o centro cirúrgico com o restante da equipe.
“A nossa atuação é no suporte contínuo, portanto, a mulher está conosco desde a gestação, no dia do parto desde o início. Somos as primeiras a chegar, acompanhamos de perto desde a casa dela. Essa mulher se preparou e sonhou com o parto normal e, justamente quando alguma coisa sai do que era previsto, quando o sonho dela vai por água abaixo e ela está em uma situação de maior vulnerabilidade e insegurança, indo pra uma cirurgia nao planejada, somos afastadas desse suporte contínuo”, relata outra doula ouvida pela reportagem.
Uma outra profissional afirmou que a justificativa dada era de que seria um “agente contaminante”. Mas, assim como os demais integrantes da equipe e do acompanhante, as doulas estão paramentadas. “O fotógrafo que é contratado pela empresa parceira do hospital pode entrar e a doula não. Faz sentido?”, questiona a profissional.
Uma mãe entrevista pelo Mães de Peito que teve seu bebê em fevereiro deste ano conta que ficou muito mal e chorou ao ter a doula impedida de entrar. Ela conta que o plano inicial era ter seu bebê na Casa Angela, uma casa de parto na zona sul de SP, mas acabou sendo transferida para o São Luiz após o parto não evoluir como o esperado. Ao ser atendida pela equipe de plantonistas, a parturiente foi encaminhada para a cesárea. “Fiquei muito frustrada ao ter que ir para a cirurgia e ainda mais por não poder ter a doula comigo. Falaram que se a doula entrasse, o pai teria que ficar de fora, então tive que escolher. Tentei argumentar e a médica falou: são normas”, relata.
OUTRO LADO
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do hospital diz que garante a todas as parturientes o direito à presença de um acompanhante no momento do parto, conforme determina a legislação.
“A presença de doulas é permitida há vários anos. Estas profissionais podem acompanhar a parturiente durante o trabalho de parto, o parto e puerpério imediato no Centro de Parto Normal. Por se tratar de um procedimento cirúrgico e, visando garantir as melhores práticas e segurança da paciente, no caso de parto cesáreo somente é autorizada a entrada dos profissionais que estarão envolvidos na cirurgia e o acompanhante. Esta regra é amplamente divulgada”, diz a nota enviada pelo hospital.
3 Comentários
Mas antes pelo menos a gente podia voltar pra dar o suporte na amamentação, conversar com a mulher, fazer o carimbo da placenta, agora eles nos dispensam mesmo. Nos mandam de volta pra casa.
Ana, bom dia
Sou mãe de primeira viagem, estou procurando uma doula cadastrada no ST. Pode entrar em contato comigo?
Obrigada!
sara.rmartins97@gmail.com
11 96621 3290