Por conta da pandemia, a maternidade São Luiz (unidade Itaim Bibi) exige que a gestante faça com antecedência o teste para verificar se está ou não com coronavírus. O exame RT-PCR (que é o feito com o cotonete), segundo o próprio hospital, deve ser feito uma semana antes do parto. Além da grávida, fazem o exame o acompanhante da paciente e toda a equipe que irá atendê-la, como médicos, doula, parteira, pediatra e fotógrafo.
As mulheres que optam em ter seus bebês de parto normal ou precisam de um parto emergencial, no entanto, não tem como precisar a data do parto e precisam fazer outro teste (técnica de PCR molecular) assim que entrarem na unidade de saúde.
O resultado, segundo o próprio hospital, sai após três horas. Se o bebê nascer antes deste período, porém, a mãe não pode ficar com ele, ou seja, é vedada amamentação na primeira hora de vida e o contato pele a pele até que o resultado seja divulgado.
A reportagem conversou com um obstetra que teve a paciente impedida de pegar o bebê no colo até o resultado sair. “O bebê nasceu e não pude entregar para ela. Pediatra avaliou e ficou no bercinho distante da mãe. Foi uma situação muito lamentável”, diz o profissional sobre um parto ocorrido nesta semana na unidade.
Segundo um médico que atende na unidade e pede para não ter seu nome divulgado, várias gestantes já pediram para transferir o parto para outro hospital justamente para não enfrentarem essas restrições caso tenham um parto rápido. “Até sair o resultado, a paciente é tratada como positivo, então, não pode pele a pele, dar o peito, não pode nada”.
Cabe ressaltar que a amamentação não é contraindicada se a mãe testar positivo e que a mãe deve apenas redobrar os cuidados de higiene, usar máscara, mas não deve suspender o aleitamento, segundo orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde). “Se a mãe estiver com coronavírus, ela irá com o bebê para casa. Não faz sentido algum impedir a golden hour”, diz o médico.
Conforme já mostrou o Mães de Peito, as maternidades têm constantemente mudado os protocolos de atendimento e, inclusive, quem pode ou não estar com a gestante na hora do parto.
Procurado pela reportagem, o hospital confirma a obrigatoriedade do exame e diz que em casos suspeitos e positivos, segue todas as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde), do Ministério da Saúde e da Febrasgo (federação dos ginecologistas). “Mantendo o alojamento conjunto e o incentivo a amamentação em livre demanda. Mães e bebês são separados somente nos casos com indicação de internação em UTI”, ressalta o hospital. A nota enviada à reportagem não deixa claro o que é feito com o bebê enquanto o resultado do exame não sai, ou seja, se ele vai para o berçário ou fica ao lado da mãe.