Muitas grávidas não sabem como é importante preparar a musculatura do assoalho pélvico durante a gestação. Independente se a mulher terá uma cesárea ou um parto normal, trabalhar esse músculo é importante para evitar problemas que vão desde incontinência urinária a até dificuldades nas relações sexuais.
A fisioterapeuta Sandra Macena diz que a preparação pode ser iniciada a partir da 12ª semana com a autorização do obstetra. “A musculatura do assoalho pélvico tem a função de fechamento da uretra, vagina e reto e também sustenta os órgão pélvicos que são responsáveis pela resposta sexual”, explica a especialista, da clínica Iluminar.
Ela diz que essas funções podem estar comprometida se a musculatura não estiver desenvolvida na sua potencialidade. “Durante a gravidez, aumenta o peso e a pressão uterina e isso gera uma sobrecarga maior nessa musculatura. Mas, todo esse trabalho de fisioterapia serve não somente para a gestante, mas para a mulher em geral”, relata.
No caso das gestantes, Sandra explica que em na primeira avaliação é feito um exame de toque na musculatura onde é possível verificar sua capacidade de força e relaxamento e, principalmente, a conscientização que a gestante tem dessa musculatura”, comenta.
Após essa avaliação detalhada é escolhido como será o acompanhamento da paciente. Sandra explica que a gestante pode fazer em casa a massagem perineal e os exercícios de contração rápidas e lentas sustentadas da musculatura do assoalho pélvico. “A forma e a quantidade dessas repetições podem ser melhor orientada após uma avaliação fisioterapêutica da musculatura”, diz.
EPI-NO
Além das massagens e exercícios, muitas pacientes recorrem ao epi-no, um aparelho que tem o objetivo de realizar treinamento do assoalho pélvico e da vagina para o parto. Esse aparelho é formado por um balão em silicone, conectado a um medidor de pressão, que simula a cabeça do bebê. O nome epi-no vem de “episiotomia-não”.
“Esse recurso é mais usado após a 35ª semana de gestação. Ele vai auxiliar no alongamento das fibras musculares de forma gradativa na região do canal vaginal e períneo e através de um treinamento auxiliado pela fisioterapeuta, enfim, ajuda a gestante a trabalhar a conscientização da região e o relaxamento da musculatura”, explica. O epi-no pode ser usado por um período de 10 a 20 minutos, uma vez ao dia e pode ser utilizado diariamente.
O aparelho é usado para evitar as chamadas lacerações perineais no parto normal. Outras maneiras de evitar lacerações é a mulher ter um parto mais verticalizado (evitar posição ginecológica), não fazer puxos dirigidos (o médico mandar a paciente fazer força), a duração do segundo estágio do parto (expulsivo), entre outros.
“Sabemos que durante toda a gestação a mulher está sobre ação do hormônio relaxina que age nos ligamentos e permite uma maior flexibilidade dos ossos da pelve facilitando a passagem do bebê”, diz. Esse hormônio, no entanto, não age na musculatura do períneo. “Esses músculos devem ser alongados e preparados para ganhar a elasticidade necessária para que não rompam durante a passagem”, diz.
A fisioterapeuta vai preparar a gestante para o reconhecimento desses músculos para fortalecer, ganhar o alongamento e, principalmente, a relaxar. “Enfim, a mulher passa a ter o controle e a consciência corporal necessária para a hora do parto. A fisioterapia pélvica ajuda na prevenção de fatores de riscos para a ocorrência de lacerações perineais e a necessidade da episiotomia (corte feito entre a região do ânus e a vagina).”
PÓS-PARTO
A fisioterapia também é muito utilizada no pós-parto e normalmente começa cerca de 45 dias após o parto. Normalmente, diz a fisioterapeuta, as puérperas têm queixas que podem ser desde dores lombares até dor na hora de ter relações sexuais. “ É fundamental a realização de uma nova avaliação física antes que a puérpera retome suas atividades físicas para que seja determinada as alterações e trabalhar na reabilitação desses músculos com objetivo de retornarem a sua funcionalidade”, orienta.
Ela diz que uma mulher que tem uma diástase abdominal (quando há um afastamento do reto abdominal), deverá retomar o fortalecimento dessa musculatura com exercícios específicos e devidamente orientado. “Abdominais executados de forma onde gera uma pressão intra-abdominal pode agravar a diástase e situações de perdas urinárias”, explica Sandra, que é especializada em fisioterapia pélvica e uroginecologia funcional.
2 Comentários
Giovanna, gostei muito da matéria acima. Parabéns! Estou adorando seu blog. Agora, desculpe a minha falta de conhecimento, mas gostaria de saber: a prática do pompoarismo tb contribui para trabalhar/fortalecer o assoalho pélvico?
Com certeza Patrícia…