Mãe batalha para amamentar filho com lábio leporino

1

 

Theo mama somente leite materno (Foto: arquivo pessoal)

Theo mama somente leite materno (Foto: arquivo pessoal)

Quando estava grávida de cinco meses,  Priscila Ribas Moreira Bossa, 35, recebeu uma notícia que tirou seu chão: o filho tinha o lábio e o palato (céu da boca) fendidos.

Priscila conta que resolveu buscar informações sobre o assunto e descobriu que a amamentação é um obstáculo gigante para mães de crianças com fissuras faciais. “Sempre li que era quase impossível amamentar uma criança com o palato fendido pois não consegue fazer a pressão negativa necessária para a sucção”, conta a mãe. Moradora do interior de São Paulo, ela foi ainda grávida ao Centrinho (Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP), em Bauru. A unidade é referência na América Latina no tratamento de fissurados e de outras deficiências craniofaciais.

“No Centrinho também me falaram que não era para eu me sentir frustrada se não conseguisse, pois todos os bebês atendidos por eles não conseguiam, a não ser os que tinham apenas a fenda no lábio e não no palato, como o Theo.”

Normalmente as mães de bebês com fissura labial isolada (sem afetar o céu da boca) têm dificuldade inicial, mas conseguem amamentar ajustando a posição durante as mamadas. Já quando existe fenda palatina (quando o céu da boca tem uma abertura), a dificuldade é maior e, muitas vezes, a mamadeira acaba sendo utilizada.

Theo nasceu em um parto domiciliar e, ao nascer, foi para o peito da mãe mamar. “Ele deu as primeiras mamadas com muita dificuldade, com o escape de ar. Aos poucos fui percebendo que eu tinha que colocar meu peito de um jeito que selasse a fenda labial e que se moldasse no palato para que houvesse o mínimo de vácuo”, conta Priscila, que teve o apoio e incentivo para a amamentação de uma doula e do neonatologista.

LEIA MAIS: Saiba como dar leite no copinho

“Como eu tive muito leite, bastava o mínimo de estímulo para o leite jorrar na boquinha dele sem que ele tivesse que fazer muito esforço. E assim fomos nas primeiras semanas”, comenta Priscila. No entanto, na consulta de um mês, Theo não havia recuperado o peso perdido nos primeiros dias desde o nascimento. “No Centrinho falaram que embora eu tivesse muito leite, ele fazia um esforço descomunal para conseguir mamar, e logo estava gastando mais energia para mamar, do que recebia das mamadas, por isso não ganhava peso”, relata.

Theo nasceu com lábio leporino (Foto: arquivo pessoal)

Theo nasceu com lábio leporino (Foto: arquivo pessoal)

Para continuar amamentando, Priscila passou a retirar o leite na bomba e oferecer o leite ordenhado após mamar no peito. “Tentei oferecer no copinho, mas com a fenda no palato, ele engasgava bastante, e depois de algumas engasgadas assustadoras, resolvi introduzir a mamadeira”, relata a mãe. Priscila conta que ficou com medo de ele passar a rejeitar o peito. “Embora ele tenha ficado um pouco mais preguiçoso, continuo mamando no peito muito bem. E assim seguimos até hoje.”

Com apenas 20 dias de vida, Theo passou pela primeira consulta e a primeira cirurgia foi realizada no terceiro mês de vida para o fechamento da fissura do lábio e do palato duro. Priscila conta que o  palato mole (posterior) será fechado em uma cirurgia quando Theo completar um ano.

Priscila conta que ouvi muitos relatos desanimadores em relação a amamentação. “Mas percebi que se você se rodear dos melhores profissionais pró-amamentação, os mitos se dissipam e aos poucos você esquece os relatos de desesperança e começa a construir a sua própria história de vitória e superação”. A mãe do Theo conta que pretende amamentar até quando ele quiser e que após a próxima cirurgia possa dispensar de vez a mamadeira. “Quero jogar fora e ficar só no peito”, planeja.

LEIA MAIS: Mãe cria rede de apoio para pais com bebês com fissuras faciais

 

Compartilhe!

1 comentário

  1. Meu filho nascerá com fissura labiopalatina e fico muito feliz cada vez que conheço histórias de sucesso na amamentação. Quero muito amamentar, mas infelizmente a maioria dos profissionais só falam da impossibilidade do bebê com fissura no palato… imagino que façam isso na tentativa de nos ajudar (para não nos frustrarmos). Se pudessem fazer outro post com informações mais recentes sobre eles seria ótimo!! Muito obrigada por partilhar essa linda história, serve de incentivo e inspiração!

Deixe aqui o seu comentário