Saiba quais exames no bebê são necessários e dispensáveis na hora do parto

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Cortão umbilical é cortado logo que bebê nasce quando o correto é esperar (Foto: Mães de Peito)

Cortão umbilical é cortado logo que bebê nasce quando o correto é esperar (Foto: Mães de Peito)

A maioria das maternidades segue protocolos com os recém-nascidos e faz avaliações e intervenções que nem sempre são necessárias para todos os bebês. Os pais precisam saber quais são cada um dos procedimentos para questionar se há real indicação e questionar quais as condutas do hospital antes de escolher ter seu bebê lá.

Para que o bebê nasça e vá direto para os braços da mãe, muitos pais optam em contratar um neonatologista particular para o momento do parto, ou seja, dispensam o pediatra de plantão para evitar os protocolos rotineiros. O Mães de Peito já mostrou que as maternidades deixam os bebês horas no berçário afastados da mãe quando o recomendado é o alojamento conjunto o tempo todo que o bebê e a mãe estiverem internados.

Todo bebê que nasce saudável, independente se nasceu por cesárea ou parto normal, deveria ir diretamente para o colo da mãe, ficar em contato pele a pele e mamar logo na primeira hora de vida. O que acontece, no entanto, é que o bebê na maioria das vezes só vai para o seio da mãe após passar por exames e ficar algumas horas no berçário afastado da mãe.

O blog entrevistou a pediatra  Vânia Gato Medeiros para falar sobre cada um dos procedimentos e exames e quais são realmente importantes ou dispensáveis nas primeiras horas dias de vida. Os pais também devem colocar no plano de parto o que querem ou não que o bebê seja submetido. Leia aqui mais sobre o plano de parto

 

1 – ASPIRAÇÃO DE VIAS AÉREAS DE ROTINA
Não deve ser realizada em bebês que nascem bem (a maioria) pois é uma manobra invasiva e dolorosa para o recém-nascido. A aspiração  pode causar microtraumas na mucosa em contato com o vácuo. A aspiração deveria somente ser feita em casos de reanimação neonatal

2 – COLÍRIO DE NITRATO DE PRATA (CREDÉ)
Protege contra a conjuntivite causada pelo gonococo, bactéria da doença gonorréia. Ela só é passada para o bebê se a mãe tiver gonorreia e se o bebê tiver contato com a secreção vaginal no momento do parto o que, obviamente, só ocorre em partos normais. O colírio é oferecido em todas as maternidades brasileiras e administrado mesmo em bebês nascidos de cesariana, ou seja, que não tem contato com a secreção vaginal e também em bebês de mães saudáveis, que não tem gonorréia.

A infecção mais prevalente é por clamídia. O credé não protege contra esta bactéria, e sim um outro colírio.

Este colírio é doloroso, irrita a mucosa conjuntival e, em alguns casos, causa conjuntivite química no bebê

IMPORTANTE: Para as gestantes que não têm gonorréia, é possível negar o colírio mediante assinatura de termo de recusa. Muitas gestantes não conseguem negar o colírio por não terem “provas” de que não estão com gonorréia. Existem exames que podem ser solicitados no pré-natal e seus resultados devem ser anexados ao prontuário materno no hospital

3 – CLAMPEAMENTO TARDIO DO CORDÃO
O cordão umbilical deve ser cortado apenas após parar de pulsar. O ideal é esperar pelo menos cinco minutos antes de fazer o corte. Nos partos humanizados, o corte só é feito depois que a placenta nasce. O principal benefício de aguardar para clampear o cordão é que, durante esse intervalo, parte do sangue rico em ferro que está nele é transmitido para o organismo do bebê. Essa é uma das maneiras mais simples de prevenir a anemia no recém-nascido

4 – APGAR
Assim que o bebê nasce, o pediatra neonatologista avalia os batimentos cardíacos, respiração, o reflexo, o tônus e o choro do bebê para dar o apgar dele. As notas deste boletim variam de zero a 10, sendo que acima de sete é considerado bom enquanto os que tem nota abaixo normalmente precisam de algum tipo de intervenção do pediatra. A avaliação é feita no primeiro e no quinto minuto de vida onde o bebê recebe uma nota em cada vez

5- VACINA DE HEPATITE B
A vacinação é dada nas primeiras 12 horas de vida do bebê para protegê-lo contra a transmissão vertical (a mãe contamina o bebê durante o parto). Todas as maternidades oferecem e administram nas primeiras horas do bebê. Para aquelas mães que possuem pré-natal completo e não são portadoras da hepatite B, é possível adiar a vacina alguns dias, podendo procurar um posto de saúde após a alta

6 – VITAMINA K
A vitamina K é dada para prevenir a hemorragia por deficiência de vitamina K no recém-nascido. As maternidades oferecem a vitamina K de forma injetável para todos os bebês. Há pais que optam em não dar e outros escolhem dar por via oral, mas para isso precisam comprar a vitamina K pois ela só é oferecida nos hospitais de forma injetável. A via oral é dividida em três doses, ou seja, o bebê recebe uma dose na hora do parto e outras duas com intervalos de umas semana entre elas.

7 – GLICOSE E LEITE ARTIFICIAL
É rotina em alguns hospitais administrar água com glicose ou leite artificial para a prevenção ou tratamento de hipoglicemia em bebês. Isso ocorre quase sempre sem o conhecimento e consentimento dos pais. Como os bebês ficam muitas horas separados de suas mães dentro do hospital, o aleitamento materno fica prejudicado

Receber leite artificial ou qualquer outra substância nas primeiras horas de vida aumenta o risco de alergias e intolerâncias, prejudica o vinculo mãe-bebê e modifica todo o desenvolvimento da flora intestinal do recém-nascido. O recomendado é manter o bebê com a mãe e apoiar/incentivar o aleitamento materno desde a primeira hora de vida. Para muitos profissionais de saúde, é muito mais fácil prescrever leite artificial do que ajudar uma puérpera a amamentar

Bebê é pesado logo ao nascer (Foto: Mães de Peito)

Bebê é pesado logo ao nascer; ideal é ir direto para o colo e pesagem e medição ser feita depois  (Foto: Mães de Peito)

 

8 – PESAGEM E MEDIÇÃO
A pesagem e medição devem ser feitas nas primeiras 24 horas de vida do bebê. Normalmente é feita logo após o nascimento, momento que deveria ser reservado para o bebê criar vínculo com a mãe, mamar, receber o sangue o cordão e manter contato pele a pele. Essas aferições podem esperar algumas horas

9 – BANHO
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que o primeiro banho do bebê seja após pelo menos 6 horas de vida, pois o recém nascido precisa se adaptar à nova temperatura e absorver o vénix. Salvo em casos de algumas infecções maternas, o primeiro banho deveria ser dado dentro do quarto, por algum membro da família, e sob orientação da equipe do hospital.

O que acontece é que o banho é dado no berçário, pela equipe do hospital e longe da mãe. O bebê normalmente chora e fica irritado no primeiro banho que é acompanhado pelos familiares que fotografam atrás de um vidro. Com equipes humanizadas o bebê toma banho apenas após 24 horas, no balde, e dentro do quarto com a mãe 

10 – ALOJAMENTO
Os bebês passam tanto tempo longe das mães por causa de protocolos hospitalares. Todos devem passar pelo berçário onde recebem os ‘primeiros cuidados’, como banho, vacinas, avaliação do pediatra, etc., enquanto a mãe fica em observação em outro setor.

Longe da mãe o bebê é colocado em um berço aquecido quando a manutenção da sua temperatura corpórea poderia e deveria ser feita apenas no colo materno

IMPORTANTE: Lugar de bebê que nasce bem é no colo da mãe. Todo o resto pode esperar e ser feito com a maior delicadeza possível

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