A mulher que amamenta e volta da curta licença-maternidade ainda enfrenta uma grande dificuldade para seguir com o aleitamento materno exclusivo: a falta de salas de apoio à amamentação nas empresas. No Brasil, ao todo são apenas 200 salas certificadas pelo Ministério da Saúde, ou seja, para a grande maioria das mulheres sobra buscar uma sala de reunião vazia ou fazer a ordenha no banheiro do trabalho mesmo esse não sendo um ambiente recomendado.
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Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde diz que o programa Mulher Trabalhadora que Amamenta possui três eixos fundamentais para a instituição receber a certificação: licença-maternidade de seis meses, implantação de creches nos locais de trabalho ou convênio com creches próximas, e a criação de salas de apoio à amamentação dentro do ambiente de trabalho.
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As salas de apoio à amamentação são espaços localizados no próprio ambiente de trabalho, destinados às mulheres que retornam da licença-maternidade. Segundo o Ministério da Saúde, nessas salas a trabalhadora pode, durante o horário de trabalho, com privacidade e segurança, retirar o leite, armazená-lo em local adequado e depois levá-lo para casa, aumentando o período de amamentação do filho.
A instalação dessas salas de apoio não é definida por lei, trata-se de uma recomendação em decorrência de uma ação conjunta entre a pasta, a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Vale ressaltar que, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 43% dos trabalhadores brasileiros são mulheres, ou seja, quase metade da força de trabalho no país, no entanto, são poucas que ainda contam com esse benefício das salas no ambiente de trabalho.
Na empresa Dell, as funcionárias contam com salas de apoio à amamentação em duas unidades, em Eldorado do Sul (RS) e Hortolândia (SP). A líder de RH da empresa, Fernanda Kessler, diz que as salas foram criadas em 2015 e que podem beneficiar mais de 70 mulheres que anualmente retornam de licença maternidade na empresa. “Em média, duas mulheres por dia usam as salas. Além de permitir que as mães não interrompam o processo de amamentação, as salas possibilitam a retirada do leite com privacidade, segurança, higiene e conforto. O leite fica guardado em um refrigerador que fica no mesmo ambiente e depois é levado pela mãe para casa ao fim do expediente”, explica a executiva.
Além das salas, ela ressalta que as funcionárias são orientadas durante a gestação e após o parto sobre a importância da amamentação, por meio de palestras e de uma cartilha com informações sobre esse tema e outros benefício como auxílio creche e licença maternidade estendida. Fernanda diz que as mães podem ficar o tempo necessário na sala até fazer a ordenha e que não há limites em relação a idade do bebê, ou seja, a mãe que tem um bebê de um ano ou mais, por exemplo, pode seguir fazendo a ordenha na sala se esse for seu desejo.