As creches municipais de São Paulo que incentivam o aleitamento materno vão receber um selo Amigo do Peito. A ideia é fazer uma campanha para orientar funcionários, diretores e pais de alunos sobre a importância do leite materno e que a mãe pode amamentar no CEI (Centro de Educação Infantil) ou ainda deixar seu leite ordenhado para ser servido ao bebê na sua ausência.
Pesquisa feita pela Coordenadoria de Alimentação Escolar (Codae) aponta que apenas 8% das creches recebem o leite fornecido pelas mães. No ato da matrícula, menos da metade das mães, 37%, manifestam preocupação ou desejo de continuar amamentando. O levantamento mostra também que apenas 35% dos CEIs dizem fazer ações de incentivo ao aleitamento, mas, entre estes, 86% estão dispostos a promover o acolhimento.
“Verificamos que 42% dos CEI dizem não ter espaço próprio. Mas não é preciso ter um local específico para a amamentação. O local ideal é onde a mãe se sente bem. E o manuseio do leite materno congelado exige alguns cuidados, facilmente executados a partir de orientações simples”, explica Patricia Panaro, coordenadora da Alimentação Escolar da rede municipal de São Paulo.
O Mães de Peito já mostrou que muitas mães enfrentavam dificuldades para poder deixar na creche o leite materno para que seja servido ao bebê. A consequência disso é que muitas mulheres ou desmamavam totalmente a criança ou passavam a fazer o aleitamento misto, que é quando a mãe intercala leite materno e a fórmula. Muitas vezes é neste momento que a mamadeira é introduzida, o que pode desencadear o desmame da criança.
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Para tentar mudar esse cenário, a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo lançou nesta quinta-feira (16/11), a campanha dando o selo de CEI Amigo do Peito para o Centro de Educação Infantil Espaço da Criança Elias Zogbi, localizado em Santana (zona norte de SP). A diretora do CEI, Elizangela Gomes Santos, diz que em 2013 a creche passou a acolher as mães que amamentam tanto permitindo que elas amamentem dentro da escola ou que deixem o leite ordenhado caso trabalhem longe e não possam vir, por exemplo, no horário delas de almoço. “Quando a mãe chega para matricular seu bebê, perguntamos se ela amamenta e a estimulamos a continuar”, diz a diretora.
A microempresária Viviane Pizzo ia diariamente amamentar a filha Isadora, que agora está com 1 ano e 5 meses. “Ela começou na escolinha com 10 meses e nunca tomou outro leite até um ano sem ser o meu”, comemora a mãe. Já a educadora física Aretuza Mattos optou por enviar o seu leite para ser dado ao filho Joaquim, de 10 meses. O pai do menino, Carlos Anibal, conta que tinha receio dele não aceitar o leite ordenhado, mas a escola foi muito acolhedora e ofereceu opções para oferecer o leite materno, entre eles, o copinho.
Para receber o selo de Amigo do Peito, os CEIs podem solicitar orientações da Codae, que as disponibiliza e confere se a unidade atende três requisitos: orientar as famílias sobre a importância do aleitamento, receber as mães que amamentam, armazenar e oferecer o leite aos bebês.
Ao todo, a rede municipal atende cerca de 290 mil crianças de 0 a 3 anos em Centros de Unidade Infantil, 90 mil delas em berçário. A cidade conta com cerca de 2.000 creches diretas ou conveniadas. Além de campanha educativa com vídeos para esclarecer os profissionais e os pais de alunos, haverá um seminário de orientação no dia 28 de novembro para os funcionários das creches. Clique aqui para ter mais informações sobre a campanha.