Com a maternidade chegam os filhos e também a idealização de que a mãe pode dar conta de tudo. Mas, não é bem assim. A mulher não pode ser responsabilizada sozinha por cuidar dos filhos, da casa, do trabalho e de tantos outros papéis que ela cumpre na sociedade.
“Ninguém faz filho sozinho e ninguém é obrigado a dar conta de criar só. A mãe precisa reconhecer que precisa de ajuda e pedir”, comenta a diretora de cinema Estela Renner, responsável pelo filme O Começo da Vida, que estreia nos cinemas no próximo dia 5 de maio. O longa metragem mostra a importância dos cuidados e atenção na chamada primeira infância e sobre como o livre brincar é fundamental para o crescimento saudável e aprendizado das crianças.
Mãe de três crianças, Estela comenta que muitas mulheres têm uma idealização de precisam ser uma espécie de “mulher maravilha”. “O pai precisa ser participativo. Mãe e pai precisam ser parceiros na criação e também nos cuidados com as crianças”, ressalta.
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O filme, que foi feito pela Maria Farinha Filmes com o Instituto Alana e Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, enfatiza também como é importante a presença dos avós, de vizinhos, de amigos, enfim, de viver em comunidade para a criança crescer saudável com pais presentes e atenciosos. “It takes a village, to raise a child (é preciso de uma aldeia para criar uma criança)”, diz um provérbio que é enfatizado no longa metragem que em breve estará disponível também na internet para que alcance um número maior de pessoas.
A diretora diz que ao pesquisar sobre a primeira infância sempre se deparava com a importância das interações da criança com o meio. “Ao ouvir especialistas, pesquisar vi que tudo isso nada mais é do que o afeto, o abraço, as relações com os pais, o contato. Isso é tão importante e o melhor: é de graça. Sem amor não há conexão cerebral”, ressalta.
Além de especialistas, muitos pais dão seus depoimentos no filme mostrando a realidade em que vivem e como gostariam de ter mais tempo e dar mais atenção aos filhos. “As pessoas geralmente falam que é melhor qualidade do que quantidade de tempo com um filho. Experimente falar isso para o seu chefe que você vai trabalhar com qualidade, mas só 10 minutos por dia”, diz uma das mães entrevistadas que ressalta que todos os pais deveriam ter mais tempo com o filho, principalmente nos primeiros anos, quando a criança está descobrindo o mundo.
O filme mostra que tanto a modelo Gisele Bündchen como uma mãe moradora de uma ocupação, com 12 filhos para criar e nascida em um lar com violência doméstica quer poder ser mais presente e ouvir seus filhos. “Quero enxergar eles e dar voz para eles. Quando querem falar comigo, desço na altura deles, olho nos olhos para criar um ambiente seguro para eles”, diz a über model. “Quero ser uma mãe mais carinhosa, ouvir meus filhos”, diz também a mãe das 12 crianças que relata no filme que lembra até hoje as agressões que a mãe sofria do pai na sua infância. “Tinha seis anos, mas lembro de tudo”, conta.
Assim como ela lembra de ver a mãe sendo agredida, toda criança é uma ‘esponjinha’ e que absorve tudo o que é vivenciado e ensinado.
Por isso o carinho, amor, contato e atenção que é dado a um filho, principalmente na primeira infância, faz toda a diferença na criança e no adulto que ele será um dia, ou seja, é uma questão de humanidade.
Criança não precisa de brinquedo caro, do tênis mais bacana nem do videogame mais moderno. Eles precisam apenas serem ouvidas, serem notadas e terem amor e o carinho de seus pais que podem estar ao seu lado, mas não necessariamente presentes de fato para eles.
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